Quando então soubemos que nosso problema era impossível de engravidarmos sozinhos, o espermograma de meu marido mostrava necrospermia além de outros probleminhas e eu á tinha sido operada de endometriose aos 22 anos, buscamos várias alternativas, e vimos que era muito caro o tratamento. Na época eu era enfermeira recém-formada, com emprego novo e ganhando muito pouco em um hospital particular e meu marido estava iniciando sua jornada como empreendedor de um negócio próprio. Na época meu ginecologista Dr. Alessandro Galleto falou de algumas universidades que tinham projetos como a UNIFESP, a USP e outras opções que nem me lembro mais (faz tanto tempo!), lembro-me que na UNIFESP tinha que ser aceito no programa, tinha que ligar, fazer inscrição e se você fosse escolhido eles mandavam a carta e tínhamos que participar de uma palesta e tals... Fiz tudo conforme mandava o protocolo, fiz inscrição, liguei no dia recomendado (5 dia útil ou algo assim), e fiquei aguardando a tão sonhada convocação... Que chegou em casa! Ah que lindo dia, que maravilha saber que fomos aceitos! Enfim, teríamos a oportunidade de ter nosso filho! Nos organizamos, milhões de planos para ir pra SP, ai que ansiedade, estava a mil por hora!!! Depois de economizar, organizar agenda do trabalho para ir pra lá e tals, fomos de carro, ah que delicia que foi aquele dia, viajamos durante a sexta-feira, ficamos na casa da Fátima, família amiga de meu marido, e no sábado de manhã fomos lá para nosso primeiro passinho nesta jornada dificilima. Ouvimos e conehcemos o Dr. Renato Fraieita e outros mais (lembro-me do Juliano que era especialista em endometriose), enfim, foi falado sobre o processo reprodutivo, a embriogenese, o encontro de gametas e os diferentes tipos de tratamento para a infertilidade. Como eu já tinha estudado nosso caso, já sabíamos de antemão que era a fertilização in vitro que precisávamos fazer, mas os médicos gostam de fazer um milhão de exames e um interrogatório infinito que dá até canseira de repetir todas as vezes as mesmas coisas... Nessa mesma palestra foi informado sobre os custos: teríamos que bancar toda a medicação prescrita e os custos do hospital que seria necessário para a captação dos óvulos e transferência dos embriões. Não haveria o custo com as consultas médicas! Isso já era um alívio, pois não tínhamos plano de saúde, e cada consulta particular de infertilidade era caríssima para nossa realidade. Saimos dessa palestra com vários exames para realizar e após agendar um retorno. Só sei que eram tão demorados para conseguir agendar esses retornos que dava tão desgosto... Depois de investigarem, estudarem, chegaram a conclusão que nosso caso era necessário a FIV (que novidade :( !) Nisso já tinha se passado um ano de quando fomos a primeira palestra... E, para piorar a situação eu sai de meu emprego e estava somente com a bolsa do mestrado... As coisas com meu marido também não ía bem... Para a medicação, custos com as viagens, deslocamento e pousagem na casa de nossa amiga Fatima, contamos com economias, ajuda da família (meu sogro e cunhada ajudaram muito nessa fase) e bençãos do Senhor em nossa vida. Só sei que foi tenso, foram dias bem dificeis, teve dias durante a indução que meu marido não pode ficar comigo em SP, eu tinha muito medo de andar sozinha por lá... Era muito inexperiente e imatura, fiquei nervosa, tensa e preocupada por milhões de vezes... E só de pensar no preço que era cada ampola de GONAL eu ficava com os cabelos brancos kkkk, foi tenso, muito tenso!!! Enfim, depois de muitas picadas na barriga, sim, eu mesma me picava, e muito chocolate o tempo todo, sim eu engordei horrores, por estar longe de casa, por estar na casa dos outros, por conta da própria medicação que me inchou até, pela depressão de estar longe de casa, de minha família, minhas cachorras e do meu marido não poder ficar comigo, chegou o dia da captação dos óvulos. Ah que lindo minhas bolinhas escuras no ultrassom!!! Eram meus bebes, meus filhotes! Achava emocionante aquilo! Enfim, naquele dia meu marido chegou, internei de madrugada e foi realizado o procedimento... Tive 9 folículos, 3 estavam no tamanho bom e eram óvulos que foram fecundados, 1 embrião se tornou inviavel e 2 foram transferidos. Estava muito ansiosa, parece que tudo deu errado naquele, nao tenho bom sentimento daquele dia, fomos embora de onibus de linha, nauseei até, subi escadas até o apartamento onde estavamos hospedados, não sei não, mas acho que estava em depressao naquela época..., chorei tanto, fiquei enfiada dentro de casa, sem a minima vontade de nada. Lembro-me de querer voltar pra minha casa em Londrina, eu tinha a impressão de estar incomodando, apesar de nossa amiga ser super gente boa, estar na casa dos outros por tanto tempo é ruim, mas agradeço a Deus pela boa vontade dela e de sua familia, compramos a passagem de onibus da garcia para voltar a Londrina. foi tenso também, só tinha vaga no último banco, vim nauseando, passando mal, eita que horror, parece que essa FIV estava fadada a fracassar. Quando cheguei em Londrina, foi aquela ansiedade dpor parte da minha familia, todo mundo sabendo, perguntando, minha mãe já tinha comprado sapatinhos de bebe, roupas de bebe e coisinhas de bebe, todo mundo esperando meu beta positivo... Que tenso... Meu marido nao ficou um dia comigo, teve que voltar pra sua empresa, eu ficando agoniada com ansiedade de colher o beta... ía pra empresa, subia aquele monte de escada enormes... Ai minha nossa, que horror... Quando lembro de tudo o que fiz, que levei minha vida normal aos 3 dias pós- transferencia vejo que foi tudo errado, praticamente fiz exercicios, subi minha pressao arterial, ansiedade a mil... E lá veio o beta... NEGATIVO, não contente, colhi outro... NEGATIVO... Liguei para o dr. Alessandro que mandou eu parar a progesterona e logo em seguida minha menstruação veio... Chorei tanto, a sensação de perda e foi grande, meu grande amor, minha bolinha linda, meu bebe foi embora junto com aquele sangue vermelho.. porque não deu certo? porque se tenho a promessa de ser mãe, de gerar uma vida? Por que? POR QUE? ...